Próximos espectáculos…
“Confissões de um carrasco na hora de ir para a cama”
9 a 18 de Junho - Quarta a Domingo
21h 45m
Cinco mortos, um Carrasco, uma Suicida e uma “Ordem” compõem o mundo absurdo deste espectáculo.A extinção retratada através de cinco Mortos sem nome que todas as noites aparecem no mesmo sítio, apenas para não deixarem adormecer o Carrasco que os matou. Todas as noites a mesma coisa, tantas noites que nem os Mortos sabem há quanto tempo estão por ali. Falam porque tem de ser, porque a “Ordem” assim o exige. Não deixar adormecer o Carrasco… o culpado (para eles) por se encontrarem naquela situação.O Carrasco que não fala, que já não fala… o Carrasco que se sente culpado apenas por uma morte… a única que não aconteceu através da lâmina que usa… a morte da mulher que se suicidou por não aguentar a pressão de ser mulher de um Carrasco. Este ser não fala até perceber que a “Ordem” de certa forma se alterou, que falar será a única forma de todos irem embora e ele poder descansar, adormecer, finalmente, depois de tanto tempo… depois de tantas noites.
texto e encenação: Nuno Preto
interpretação Nuno Preto, Paulo Calatré, Sara Costa, Sara Pinto Pereira, Susana Madeira, Tânia Dinis, Teresa Alpendurada
figurinos Inês Mariana Moitas
desenho de luz Francisco Tavares Teles
cenografia Ricardo Preto
produção executiva Marta Lima
foto de Sandra Preto
PROGRAMAÇÃO GERAL – FEVEREIRO A JUNHO
“NORMA“
Teatro da Palmilha Dentada
11 de Fevereiro a 7 de Março - Quarta a Domingo 21h46m
texto: Ricardo Alves e Salgueirinho Maia com Ivo Bastos e Rodrigo Santos
encenação: Ricardo Alves
direcção plástica: Sandra Neves
música original e sonoplastia: Rodrigo Santos
interpretação Ivo Bastos e Rodrigo Santos
desenho luz e fotografia de cena: Pedro Vieira de Carvalho
apoio figurinos: Alexandra Barbosa
direcção de produção: Adelaide Barreiros
Sinopse:
“Livro das Normas 34:2 Estando três fariseus sentados, deles se abeirou uma mulher. E ela lhes ofertou um prato com dois farináceos. E por entre os três se encontrou a forma justa de dividir a oferenda. E não é conhecida a forma como o fizeram porque modesta é a pobreza .
Livro das Normas 34:3 E no dia seguinte tornou a mulher a se abeirar dos três fariseus que se achavam ainda sentados. E perante eles depositou nova oferenda, um prato com quatro farináceos. E entre eles se discutiu a forma justa de dividir a nova oferenda e do mal daí sucedido ainda hoje se sentem os ecos
Livro das Normas 34:4 De olho por olho em dente por dente a discussão cresceu, porque a necessidade é prazenteira e o luxo pérfido. Já o sol se punha sobre o deserto de Paran quando a disputa amainou.”
A nova peça da Palmilha Dentada será o mais ambicioso dos trabalhos da companhia. Inteiramente falada nas línguas da época, Aramaico, Hebraico e Mirandês, decorrerá entre as águas separadas do Rio Douro. Esta é também uma peça sobre o aumento do cepticismo na sociedade actual.
Jesus Cristo disse “Abençoados os que crêem sem ver”. Respeitamos, mas venham ver na mesma.
P.S. Solicitamos a todos os espectadores que desliguem os telemóveis durante o espectáculo, sob pena de serem transformados em estátuas de sal assim que estes tocarem.
“Bórgia”
Esquiva Companhia de Dança
de 10 a 14 de Março, às 21h45m.
Bilhetes: 10 euros / 5euros (profisionais) / 5euros (grupos de 10)
com direito a uma bebida.
direcção artística: Mariana Amorim
criação e interpretação: Cláudia Eiras e Mariana Amorim
Se nos anais da memória
Figuram heróis famosos,
Há registos na História
De patifes horrorosos.
(…)
in “Eu, Pierre Riviere, que degolei a minha mãe, a minha irmã e o meu irmão… Um caso de parricídio no século XIX” apresentação de Michel Foucault
Uma mulher como Lucrécia Bórgia chocou e provocou mentalidades, alimentando mitos e sonhos, desde que existiu até aos nossos dias. Continua a ser uma referência sempre que se quer evidenciar alguém ligado ao poder, a uma beleza pura e a uma alma desleal. É o poder o que se salienta em Bórgia.
"O ESCADOTE"
Tenda de Saias
17 a 21 de Março - Quarta a Domingo 21h45m
criação colectiva
texto: Jaime Salazar Sampaio
interpretação: Xana Miranda e Tânia Dinis
Sobre o espectáculo
"O Escadote" é uma peça sobre duas pessoas que se permitem parar no tempo para observar o mundo. Confrontam-se com a realidade que, tanto em cima como em baixo do escadote, não difere.
É uma peça sobre a comunicação e o silêncio: a que se faz de si para si mesmo, a verdadeira; e quando deixamos o som da respiração ocupar lugar, encontramo-nos.
Fala do paradoxo do olhar: por muito que olhemos não quer dizer que apreendamos o universo. Trata de ver com os olhos o que não pode ser visto dessa maneira. Muitas vezes, olhamos mas, não estamos a ver e, assim, percebemos que estávamos a olhar mas não estávamos a perceber. Quando fechamos os olhos e olhamos para nós e vemos as nossas paisagens surpreendemo-nos por elas serem tão parecidas, quer estejamos em cima ou em baixo do escadote.
Sobre a Companhia
A Tenda de Saias é uma companhia de Teatro não subsidiada residente na Fábrica da Rua da Alegria no Porto, espaço partilhado, desde 2005, por várias companhias de teatro, uma produtora de cinema, um projecto musical e elementos de outras áreas artísticas.
Em 2006, a Tenda juntou-se ao núcleo da Fábrica da Rua da Alegria, tornando-a assim também o seu espaço de ensaios, reuniões e criações.
A companhia formou-se, legalmente, a 20 de Dezembro de 2007 e foi fundada por Maria do Carmo Sousa, Olinda Favas, Susana Madeira, Tânia Dinis e Xana Miranda, actrizes formadas em Estudos Teatrais pela ESMAE do Porto, em 2006.
Actualmente, a Tenda de Saias já não conta com Maria do Carmo Sousa.
A ideia da formação surgiu quando as suas fundadoras estavam no último ano do curso na ESMAE, a fazer os chamados “Projectos Colectivos” e reflecte uma afinidade artística e desejo comum de trabalhar em colectivo dos seus membros.
A Associação Cultural - Tenda de Saias tem objectivos culturais e artísticos que se traduzem na criação, produção e apresentação regular de espectáculos, promoção de workshops na área do teatro, captação de novos públicos e enriquecimento artístico da cena cultural da cidade do Porto, através do uso de linguagens contemporâneas do espectáculo.
"NÃO"
Hélder Guimarães
24 a 28 de Março
23 a 27 de Junho
Quarta a Domingo 21h45m
criação e interpretação: Hélder Guimarães
produção executiva: Sandra Simões
direcção técnica: Dário Pais
desenho de som: Pedro Marques
desenho de luz: Pedro Vieira de Carvalho
designer gráfica: Catarina Marques
Sinopse:
Este não é um espectáculo. Este é um não-espectáculo.
Esta não é uma sinopse. É uma não-sinopse.
Tu não és um leitor. És um não-leitor.
Ok, admito: o espectáculo ainda não está pronto e, por isso, ainda não tenho sinopse. Sei sobre o que vou falar, sei o que quero dizer... Mas se o disser agora, para que é que vais pagar bilhete? Um espectáculo é criado para ser visto, é para isso que ele existe. Não é para falar sobre ele antes, não é para reflectir sobre ele antes que ele exista. Felizmente, como este é um não-espectáculo, não preciso de pensar assim. Por isso, posso terminar este texto fazendo uma análise profunda e poética do mesmo não espectáculo sobre o qual não quero falar. Posso fazer tudo isto, mas não o vou fazer. Ainda tenho a liberdade para quebrar a ditadura das sinopses vagas e bonitinhas. Porque é muito fácil fazer sinopses, no fundo é apenas um conjunto de palavras artísticas e crenças vagas alinhadas para fazer o leitor dizer "Isto deve ser bom!". Mas eu não quero leitores, porque esses não têm pensamentos próprios quando lêem sinopses. Eu quero não-leitores para esta não-sinopse. É por isso, que farei um não-espectáculo.
“7:AM”
Teatro da Palmilha Dentada
8 de Abril a 9 de Maio - Quarta a Domingo 21h46m
texto e encenação: Ricardo Alves
direcção plástica: Sandra Neves
direcção musical: Rodrigo Santos
interpretação: Ivo Bastos e Rodrigo Santos
desenho de luz e fotografia de cena: Pedro Vieira de Carvalho
Na sua última produção a Palmilha Dentada lançou um desafio ao seu público: o de ser co-produtor na primeira produção deste ano. A resposta recebida foi significativa - 914 contratos. Mais do que o valor obtido, consideramos significativa a disponibilidade do público em aderir à proposta como uma prova da confiança que em nós deposita. Esse facto torna a nossa próxima produção algo de muito íntimo na nossa relação com o público. Por isso optámos por reflectir sobre um dos momentos mais privados da vida diária de cada um: o despertar.
São 7 da manhã o despertador toca, é o momento em que abandonámos os braços de Morfeu e reabrimos a caixa de Pandora. Este espectáculo é uma longa série de despertares que vão narrando as histórias de diversas personagens que de “manhã acordarão para o que não lhes apetece”.
“NOITES BRANCAS”
Chão Concreto
12 a 30 de Maio - Quarta a Domingo 21h45m
texto: Fiódor Dostoiévski
tradução: Filipe Guerra e Nina Guerra
dramaturgia: Rodrigo Santos
encenação: Rodrigo Santos
interpretação: Ivo Bastos e Nuno Preto
desenho de luz: Pedro Vieira de Carvalho
cenografia: Ricardo Preto
figurinos: Catarina Marques
sonoplastia: Rodrigo Santos
design gráfico: Mónica Santos
produção: Marta Lima
O conto
Um homem vagueia, sozinho, por S.Petersburgo - a cidade em peso, essa, vagueia pelos verões do campo. Uma mulher espera, sozinha, apoiada no parapeito do canal. Um oportunista, cambaleante e pouco respeitável, ensaia uma abordagem agreste e atrevida à menina do chapéu amarelo. O primeiro, o nosso sonhador, salta de rompante para o outro lado da rua - qual herói improvisado! – e afugenta a ameaça. Os ânimos acalmam. A donzela respira fundo. As mãos apertam-se. É então que ele se apercebe: uma mulher. Conheceu finalmente uma mulher! Depois disso vão encontrar-se ali mais quatro noites. Ela porque espera. Ele porque alimenta a sua espera. O amor há-de chegar de manhã. Quando a noite branca acabar. Quando a realidade tornar tudo estranho outra vez.“Noites Brancas” é um dos maiores romances da literatura mundial. Uma incursão atípica e genial de Fiódor Dostoiévski pela estética do Romantismo.
O espectáculo
A premissa central de uma adaptação da obra russa tem, como incontornável primeiro, o romance de amor entre o personagem anónimo – o Sonhador – e Nástenka. A história de amor assume-se como motor operativo - em discurso directo, dialogante - para um tratamento dramaturgico do enredo. Não obstante, esta evidência não ofusca aquela que será a pedra basilar para a construção deste espectáculo: a solidão e o diálogo interior doSonhadordostoiévskiano.Partindo de dois actores, a proposta é fazer uma incursão ao mesmo texto - respeitando a estrutura literária e formal - mas operando uma subversão dramaturgica subtil, no sentido de perpetuar o ponto de partida comum ao universo de dostoievski: o monólogo. Ambos contam a história, que é a sua, porque ambos são o mesmo Sonhador. O espectro do sonho é ampliado e o discurso ganha uma vida diferente, ainda mais próxima da memória afectiva, ao passar para o plano indirecto. O Sonhador entra e sai da sua própria história; encena-a; relata-a; confirma-a. O uso de dois actores potencia o jogo cénico e vai permitir uma abordagem essencialista e objectiva, procurando sempre o âmago das palavras e das emoções. O uso de dois actores homens tem como vantagem dramaturgica impossibilitar a concretização da imagem feminina, perfeita, sonhada e sempre idealizada. O resultado é um ensaio sobre a solidão, numa espécie de solilóquio dialogante.
O Chão Concreto
Chão Concreto é um projecto teatral sem forma de companhia.
Às tantas horas do dia x, fulano estava há um par de horas apático. Cicrano falava, gracejava, pensava, observava e, depois de muito formalizar, bocejava fórmulas antigas para um placebo eficaz. Como quem pinta um quadro. Iam já no 30º dia. Cicrano convicto da cura fácil e fulano descalço, numa caixa preta sem janelas. Isto mais um dia. E outro. E assim mais outro.Ao dia 34, fulano decidiu calçar as botas e sair um pouco. Cá fora estavam todos de boa saúde! Surpreendentemente, fulano percebeu que todos respiravam bem e corriam grandes distâncias transpirando saúde e coisas normais... “Para quê então o xarope?!”, pensou. Excitado com a descoberta, tornou meia volta na direcção da caixa negra e entrou de rompante no escuro, rasgando o silêncio e o cheiro barato a tabaco de artista:Queria contar tudo o que vira! Queria dizer que lá fora todos gritavam e falavam de coisas normais! Queria dizer que cuspiam saúde a jorros e que era um erro pensá-los enfermos! Queria dizer que não se trata de curar, mas de conversar! Queria pedir que os deixassem ficar acordados em vez de lhes fecharem os olhos à força com luzes e muitas cores!...Queria falar como os outros mas estava a dormir no 1º acto. Chão Concreto é um novo projecto teatral da cidade do Porto. Parte de uma vontade de Rodrigo Santos – de encetar um trabalho de pesquisa teatral continuado e que se deseja constante – e de muita boa vontade de alguns amigos e bons artistas, para a concretização deste primeiro espectáculo. Projecto não financiado, pretende assumir-se como mais uma força viva da prática teatral da cidade. Não tem outra razão de ser que não seja a vontade de ver mais gente sentada numa sala de espectáculos: pretende comunicar e ser comercial para não depender de terceiros.
foto: Pedro Carvalho
“CONFISSÕES DE UM CARRASCO NA HORA DE IR PARA A CAMA”
Mau Artista
3 a 20 de Junho - Quarta a Domingo 21h45m
texto e encenação: Nuno Preto
interpretação: Hélder Guimarães, Paulo Calatré, Sara Costa, Sara Pinto Pereira, Susana Madeira, Tânia Dinis, Teresa Côrte-Real
cenografia: Ricardo Preto
figurinos: Inês Mariana Moitas
desenho de luz: Francisco Tavares Teles
produção executiva: Marta Lima
Confissões de um carrasco na hora de ir para a cama” é uma história sem nomes. Mortos sem identidade.
Fantasmas? Ou pessoas sem vontade própria comandadas por uma Ordem? Esse conceito de “Rebanho” um rebanho de carneirinhos, animal esse que usamos para adormecer quando nos falta o sono. Porquê? Para nos convencermos de quê? Que somos todos iguais, animais sem vontade própria? E quando o inconsciente se revolta em relação a isto não nos deixando dormir, nós convencemo-lo disparando “Um Carneirinho… dois Carneirinhos… três Carneirinhos…” Somos todos iguais, Todos. Será que sim? Será que a Ordem não poderá ser alterada? E quando alguém chega para a alterar, porque será que a primeira palavra que nos sai é “Cala-te!”? Por medo.
Talvez seja isso, um espectáculo sobre o medo… medo de nos vermos sozinhos. Estar por estar. Magoar porque sim. Porque a Ordem assim o exige.
Mas afinal que raio de Ordem é essa?!
foto: Paula Preto
“RÄADA”
Segunda vez
6 a 11 de Julho - Terça a Domingo 21h45m
encenador: Projecto Colectivo
texto: Stig Dagerman
Intervenientes: Valdemar Santos, José Bastos, Pedro Carvalho , Grovi, Susana Pinheiro e Cecília Santos
O projecto “Rädda”, é formado por duas partes que se complementam num todo.
Uma das partes consiste numa peça de teatro sob a forma de um monólogo, que cruza o lado biográfico do autor com o texto “A Nossa Necessidade de Consolo é Impossível de Satisfazer”. O texto final será o da obra atrás referida, complementado com outros textos do autor (“Vestido Vermelho”, “As Sete Pragas do Casamento”, “A Ilha dos Condenados”, “Jogos da Noite”, “Outono Alemão”, “A Serpente” e “A Sombra de Marte”).
A outra parte consistirá num filme realizado em alta definição (HD/FullHD) que explora todo o universo de Stig Dagerman – o Medo, a Fé, a Solidão, a Melancolia, o Suicídio, o Abandono, a Mentira, a, Angustia, a Morte e a Literatura… – recorrendo também essencialmente do texto “A Nossa Necessidade de Consolo é Impossível de Satisfazer”.
A apresentação pública do projecto “Rädda”, será a conjugação destas duas partes como se fosse apenas um objecto só e não separadamente.
Posteriormente, numa segunda fase, o filme será continuado, dando origem num projecto de filme isolado, dissociável da sua componente teatral.
A ligação das duas partes terá com ponto fulcral para além do universo e obra de Stig Dagerman, o facto de a interpretação ser feita pelo mesmo actor (Valdemar Santos).
O projecto “Rädda” será todo ele desenvolvido pelo colectivo “Segunda Vez”.
”Cinema”
organização: Olho de vidro
A intenção de programar sessões com filmes e conversas na sala do Teatro Latino nasce da quase inexistência de locais de exibição principalmente no que diz respeito ao formato de curta-metragem.
Queremos assim proporcionar, no centro da cidade, proporcionar aos autores a oportunidade de mostrarem o seu trabalho e ao público em geral a de conhecer o que de tão diverso tem sido produzido no Porto.
Numa primeira fase de programação, em que avaliaremos a viabilidade de continuação, vamos apostar não num tema mas na amostra diversificada, o mais completa possível, que vai da animação ao documentário passando por géneros quase impossíveis de rotular.Outra grande aposta é as sessões com filmes produzidos nos últimos anos dos vários cursos de audiovisual da cidade. Esperamos que os públicos se misturem e que o interesse dos estudantes passe por conhecer o que se tem feito no Porto assim como o interesse dos cineastas passe pelo que se tem feito nas escolas, sendo que o principal será o interesse do público nas duas áreas e nos debates que se gerarem.
“Performance”
No âmbito da programação da Sala-estúdio Latino (Teatro Sá da Bandeira) assumida pelo colectivo Variação da Cultura, as Terças-feiras do mês de Abril, serão dedicadas à performance. Em cada uma das noites de 6, 13, 20 e 27 de Abril, pelas 21h30, serão apresentadas duas performances, seguidas de uma conversa entre o público e os artistas.
Este ciclo propõe-se assim colocar o ver e o ser visto perante uma linguagem cuja definição fica à margem de definições estanques. A experimentação e a exposição são matérias tão sensíveis quanto reveladoras neste campo da arte, pelo que não faltarão pontas por onde pegar para uma boa conversa e para voltar uma terça por semana.
A programação, conta com participações tanto de artistas já com experiência como de outros em estreia, com formações entre a dança, as artes plásticas e o teatro.
A coordenação do Ciclo está a cargo de Vera Santos e António Júlio (criadores e intérpretes) que assumem esta tarefa como um prolongamento do questionamento que fazem sobre as artes do palco nas suas actividades profissionais e por considerarem oportuna a realização desta iniciativa no contexto desta programação.
www.umatercaporsemana.blogspot.com
*Dia 6: Àjax Entretido de Mariana Amorim e José Roseira
O Homem de Choque de Igor Gandra com texto de Regina Guimarães
*Dia 13: 200 gr de António Júlio
Pelo nome das coisas de Vera Santos com cenografia de Hélia Aluai
*Dia 20: Simon 06 07 08 09 de João Costa
(sem título) de Rita Osório
*Dia 27: La ferme! (solilóquio de um insone) de Loreto Martinez Troncoso
Recomeçar do princípio de Filipe Antunes Moreira
Classificação etária:> 16
Bilhetes: 5€ (20€ para pré-compra de todas as sessões, com oferta do programa)
*Dia 6
Ájax Entretido
Divertimento Coreográfico por José Roseira e Mariana Amorim
Agradecimentos: Ricardo Preto e Ricardo Alves
“Arrancaram ambos com as mãos as lanças compridas e atiraram-se um ao outro como carnívoros leões ou selvagens javalis, cuja força não é pouca. Com a lança lhe desferiu o Priâmida um golpe no escudo, porém não penetrou o bronze, pois virara-se a ponta. Mas Ájax com um salto atingiu-lhe o escudo; a lança penetrou completamente, atirando-o para trás, contuso: esfolou-lhe o pescoço e fez brotar o negro sangue.”
(Homero, Ilíada, Canto VII, 255-262, Tradução de Frederico Lourenço)
O Homem de Choque
Criação e Interpretação: Igor Gandra
Texto: Regina Guimarães
Leitura falada e cantada de um excerto do texto do espectáculo Estufa Fria [2008] do Teatro de Ferro e da Comédias do Minho.
“O meu coração é uma pista. Uma pista de carrinhos de choque. Ele é mais uma corrida mais uma viagem. Mais uma corrida, mais uma vertigem. Dá-se bem com solavancos. Dá-se bem com travagens e acelerações. Precisa de andar aos encontrões. O meu coração, colado ao chão, está lançado numa corrida desenfreada. O meu coração corre em busca de outros corações. E ele é PIM PAM PUM ZÁS CATRAPÁS e PUMBA e PIMBA. Sempre colado ao chão. O meu coração não voa. Ele rasteja. Mas rasteja depressa.”
*Dia 13
200 gr.
Concepção e Interpretação: António Júlio
200gr. é uma forma de exibição não assumida.
Se numa embalagem não existisse senão a designação de peso, nada ficaríamos a saber acerca da natureza do seu conteúdo. Esperaríamos pela sua revelação. Ansiaríamos por abrir a embalagem e conhecer o produto. E poderia ser que o produto do interior fosse outra embalagem com a designação de peso, que nos instigasse a continuar.
200gr. apresenta uma verdade escondida. Muitas vezes revelada, muitas vezes distorcida. É um lugar de existência.
Pelo nome das coisas
Criação e interpretação: Vera Santos
Cenografia: Hélia Alua
Manifesto é uma declaração pública em que se expõem os motivos que levaram à prática de certos actos que interessam a uma colectividade.
Dar o corpo ao manifesto é arriscar-se, expor-se.
Ter opinião não é necessariamente estar a favor ou contra! É ter pensamento.
Performance é actuação.
*Dia 20
Simon 06.07.08.09
Concepção, direcção artística, fotografia e interpretação: João Costa
Simon é um percurso interior de um homem que se questiona enquanto espécie. Ele deseja ser outra coisa. Deseja ser uma "coisa". Qualquer "coisa". Menos ser humano.
Nós estamos perante ele em escuta, em transmutação e acompanhamos a massa sonora que é o seu corpo nesta espécie de torpor que é também causa de morte.
Simon é um estranho diálogo entre um e a sua ideia de imperfeição, entre um e o seu próprio estranho.
Simon é a terceira e última personagem do ciclo iniciado em 2003 com a Lilly e mais tarde, em 2005, com o Peter.
(sem título)
Criação e interpretação: Rita Osório
A performance que pretendo apresentar, neste ciclo da Variação da Cultura, surge da necessidade de partilha das minhas experiências vivenciais, numa procura interna daquilo que me faz sentir bem. São contadas histórias através da palavra, dança, e outras formas de expressão que tenho vindo a explorar. A conclusão desta pesquisa, que será apresentada na Performance, estará sempre ligada à concretização pessoal, e ao prazer pela minha simples existência como ser humano.
*Dia 27
La ferme!1 (solilóquio de um insone)
Criação e interpretação: Loreto Martinez Troncoso
1Expressão francesa para Cala a boca!
…parti da "figura" do insone. Alguém que (durante as suas noites de insónia) apalpa, gagueja… entre ficar lá ou mover-se, sair (- pelo menos - da sua cama). Quer mover-se, sair, mas o seu corpo fica imóvel. Tem uma actividade mental entrecortada, às vezes sublevada, exagerada (penso na "arte do exagero" do Thomas Bernhard), às vezes acalmo, em suspensão. Já não sabe que horas são e quer descansar, ao mesmo tempo que já não sente a sua fatiga e conta o tempo a passar.
Recomeçar do Princípio
Criação: Filipe Moreira
Interpretação: Filipe Antunes Moreira, Rita Lagarto
Som: Bruno Couto
Figurinos: Lola Sousa
Este é um breve espectáculo de teatro físico, com dois corpos. O projecto partiu da frase “Recomeçar do Princípio”, da coreógrafa Pina Bausch. Duas personagens, Adão e Eva, através de uma série de movimentos e de situações, exploram o quotidiano, a rotina e os estereótipos que estão bem presentes no percurso de vida do Homem e que o condicionam. Estas acções cruzam-se constantemente com uma natureza sempre presente, frequentemente esquecida e dominada.
PROGRAMAÇÃO INFÂNCIA – MARÇO A JUNHO
Todos os espectáculos:
Sáb. e Dom. às 16h.
À semana para escolas
MARÇO
“XaTa – PROJECTO DE POESIA TEATRAL PARA A INFÂNCIA”Tenda de Saias
interpretação e criação: Tânia Dinis e Xana Miranda
produção: Tenda de Saias
Este projecto de poesia teatral parte de um reportório que inclui grandes nomes da poesia portuguesa. XATA pretende mostrar que a poesia não é chata, através de uma mostra poética intensa e com sentido de humor, levada a cabo em espaços de café-concerto e outros espaços não convencionais.
ABRIL
“JOÃO SEM MEDO”Confraria das Estórias
Um espectáculo para a infância de objectos animados
dramaturgia e encenação de Ricardo Alves
interpretação de Sara Costa, Sara Pereira ou Teresa Alpendurada
cenários de Sandra Neves
bonecos de Susana Azevedo
figurinos de Sara Costa
Do espectáculo
"As Aventuras Maravilhosas de João Sem Medo" são um "divertimento escrito por quem sempre sonhou conservar a criança bem viva no homem". João, o protagonista desta história, nasceu em “Chora-que-logo-bebes” uma pequena e metafórica aldeia cercada por um muro. Recusando a tristeza e a melancolia que dominam a vida da aldeia, João salta o muro e parte à aventura pelo reino mágico e perigoso que rodeia a aldeia. Uma maravilhosa fábula sobre a liberdade e a coragem baseada no livro "As Aventuras Maravilhosas de João Sem Medo" de José Gomes Ferreira.
Do grupo
A Confraria das Estórias é um novo grupo de teatro da cidade do Porto que orientará as suas criações para a infância e jovens públicos.
A direcção artística é de Ricardo Alves e integra a companhia um grupo de jovens criadores.
Do Autor
José Gomes Ferreira (1900-1985) foi jornalista, escritor e poeta. Com uma vasta obra publicada iniciou a sua carreira com a publicação do livro de poesia “Lírios o monte em 1918.
Foi colaborador de vários jornais e revistas, tais como a Presença, a Seara Nova e Gazeta Musical e a Todas as Artes. Esteve ligado ao grupo do Novo Cancioneiro, sendo geral o reconhecimento das afinidades entre a sua obra e o neo-realismo. José Gomes Ferreira foi um representante do artista social e politicamente empenhado, nas suas reacções e revoltas face aos problemas e injustiças do mundo. Mas a sua poética acusa influências tão variadas quanto a do empenhamento neo-realista, o visionarismo surrealista ou o saudosismo, numa dialéctica constante entre a irrealidade e a realidade, entre as suas tendências individualistas e a necessidade de partilhar o sofrimento dos outros.
Das Aventuras de João Sem Medo
Inicialmente publicado em fascículos juvenis no jornal “O Senhor Doutor” em 1933, foi posteriormente coligido num romance em 1963. Em nota de segunda edição em 1973 José Gomes Ferreira disse: “E o sentimento de liberdade feliz com que senti correr a pena no papel, mesmo quando a constrangia a não cair no sentimentalismo moralizante. Ou o prazer que ainda hoje me recreio com algumas páginas deste divertimento pícaro, sempre esperançado que o meu gozo, suspeito de vaidade efémera, contagie os leitores mais relapsos e os convença a lerem esta saga de contestação mansa, vencendo o preconceito de nela entrarem gigantes, fadas e bruxas.
Bruxas? Não existirão - dirão os senhores peremptórios, naturalistas e suficientes.
Pois não.
Mas a caça às bruxas, isso afirmo-vos eu que há.”
foto: Ana Lúcia Cruz
MAIO
“GIL & VICENTE – UMA VIAGEM DE BARCA ATÉ AO INFERNO”Mau Artista
obra original: Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente
encenação: Paulo Calatré
interpretação: Nuno Preto e Pedro Damião
cenografia e figurinos: Ricardo Preto e Teresa Côrte-Real
desenho de luz: Francisco Tavares Teles
design gráfico: João César Nunes
fotografia: Paula Preto
responsável artístico: Paulo Calatré
consultora pedagógica: Virgínia Maria dos Santos Coutinho
produção executiva: Marta Lima
Sinopse:
Dois “clowns” em tropelias pela viagem que Gil Vicente propõe de Barca até ao Inferno. Um espectáculo enérgico onde o trabalho físico dos actores é determinante para o desdobramento dos personagens que nascem e morrem constantemente no actor. Uma abordagem que, apesar de cómica, pretende focar igualmente o lado trágico que a morte tem para cada um de nós. Num breve instante revemos o caminho que construímos e percebemos o destino que nos reserva a eternidade. Um jogo de adereços e luz que, agindo em consonância com a fisicalidade, formam uma base de sustentação dos texto original. O texto não sofrerá alterações, mas todos os jogos cénicos permitem uma leitura alternativa da obra, focando alguns aspectos que nem sempre são abordados no contexto da sala de aula, oferecendo uma modalidade diferente de leitura da obra.
fotografia: Paula Preto
Só para ocupar espaço